Tuesday, October 03, 2006


"Voltando pra casa"

Definitivamente eu vivo numa ilha. Isolado com meus pensamentos. Que por sinal cada vez mais acredito que só eu os tenho. Pensamentos utópicos e até inconvenientes. Mas o que me consola é que faço parte de uma minoria que acredita que pode transformar alguma coisa, mesmo indo contra a correnteza e tendo uma missão árdua pela frente. Porém é inegável o nosso abatimento e desmotivação em muitos momentos da nossa caminhada.
O 1° turno das Eleições 2006 acabou de acontecer, e os resultados refletem muito bem o meu estado de espírito. Pessoas com índole extremamente duvidosas (que eufemismo hein?!) foram eleitas com uma quantidade absurda de votos. Sr. Jader Barbalho, o deputado federal mais votado do Pará, Vladmir Costa, Elcione Barbalho, Raimundo Santos, Paulo Rocha. E em São Paulo, maior colégio eleitoral do país foi eleito Paulo Maluf. Isso, aquele mesmo que desviou verbas e até preso já foi. Sem falar em Fernando Collor de Mello, quem não se lembra dele? Acho que a população de Alagoas não lembra, afinal foi eleito Senador. E o pior de tudo e daqui a 4 anos o povo reclamar que o país não cresceu e dizer que só tem ladrão no poder. Não to me fazendo aqui de dono da verdade, mas como poderemos construir um país descente votando nessas pessoas?
Talvez eu não more numa ilha. Talvez eu seja de outro planeta. Nunca me senti tão deslocado com meus pensamentos como nesse período eleitoral. Talvez o errado seja eu de tentar ir contra o sistema e não me beneficiar com ele vendendo meu voto, ou trocando-o por uns favores de políticos. Mas isso eu não vou fazer... Então o melhor é eu voltar pro meu planeta.

Thursday, August 31, 2006



"Clima de Eleição"

De dois em dois anos vivemos o clima de período eleitoral no Brasil, mas obviamente que a disputa é mais acirrada e existe um clima de disputa partidária maior quando os cargos em questão são os maiores da nossa nação, como o pra Presidente, Governador, Senador e deputados. É possível perceber no ar uma rivalidade política entre os partidos como em dias de clássicos no futebol, principalmente no dia da votação, com pessoas com bandeiras, bandanas, camisetas e adesivos na rua mostrando certo “orgulho” por defender determinado candidato. Já foi visto até brigas entre militantes de partidos lembrando torcidas “organizadas”.
Mas em época de descrença total nos nossos governantes a disputa atual é convencer e conseguir a confiança do eleitor. Muitos apelam para a história do partido, tentando demonstrar um passado de lutas em prol de melhorias sociais, uma integridade que os outros não têm, e outras balelas que todos já estão cansados de ouvir. Porém isso tudo acaba gerando outro problema pros que angariam votos, que é onde haverá maior receptividade desses argumentos, onde eles serão mais facilmente aceitos e pra ilustrar a situação segue uma pequena história.
“Certo dia um estudante universitário comum estava chegando para mais um dia de aulas, quando foi abordado por um militante entregando uns panfletos pedindo votos e com algumas propostas de campanha de candidatos a deputados, governo, senado e presidente de uma determinada coligação.
- Companheiro, pegue esse panfleto e vamos mudar o Brasil.
-Mudar o Brasil? De novo esse papo?
-Claro, não desistimos nunca de mudar o nosso país e a nossa juventude está aqui pra isso.
-Mas cara, esse negocio de mudança não ta virando uma espécie de clichê? Porquê de mudança já não basta essa que aconteceu na eleição passada?
-Não companheiro, dessa vez faremos a verdadeira mudança e por isso to aqui pra convencer os estudantes universitários a aderirem a nossa causa.
-E não seria mais fácil tentar convencer pessoas de nível de instrução mais baixo não?
-Como assim?
-Quem é mais fácil de enganar, o povão ou pessoas instruídas?
-Que absurdo esse que você está dizendo, não estamos aqui pra enganar ninguém e sim para mostrar os verdadeiros avanços conseguidos pelo nosso partido e que temos coerência no nosso discurso.
-Realmente, vocês mantêm bastante a coerência defendendo as elites desde o início do seu partido.
-Tu és bem desses revoltados com a vida metida a socialista e que nunca leu nem Karl Marx pra defender teus argumentos. Filhinho de papai, sempre morou em apartamento, estudou em colégios particulares e têm esse discurso de moralista.
-O meu pai é um proletariado que Graças a Deus sempre fez um grande esforço e teve condições de me botar nas melhores escolas da cidade e sempre me deu uma boa qualidade de vida pra me fazer hoje uma pessoa instruída e que possa retribuir a todo esse investimento que ele fez em mim sendo uma pessoa consciente da realidade da sociedade e pensar no bem geral das pessoas e não numa pequena parcela dominante que acha que ter dinheiro na vida é tudo.
-Esse pode até ser seu caso, e se realmente for você não faz parte do nosso eleitorado, mas tens que admitir que fazes parte da minoria que vota com uma consciência política, e por isso continuarei aqui tentando angariar votos pro meu candidato.”
Essa é uma história fictícia, mas que poderia ter acontecido com qualquer um que se dispusesse a conversar com um militante (a grande maioria deles são cegos surdos,mas mudos nunca!!!) de um partido qualquer. Que cada um vote de acordo com a sua consciência e viva a “Democracia”.